Função social da propriedade: entenda esse princípio legal

Descubra o que é o princípio da função social da propriedade, como se aplica no Brasil e quais são os impactos legais.

A propriedade é um dos pilares do ordenamento jurídico brasileiro. Entretanto, ela não é um direito absoluto. Com a Constituição Federal de 1988, consagrou-se a ideia de que a propriedade deve cumprir uma função social, ou seja, deve atender ao bem-estar coletivo, além dos interesses individuais do proprietário.

O que significa função social da propriedade?

A função social da propriedade é um princípio constitucional presente nos artigos 5º, inciso XXIII, e 170, inciso III, da Constituição Federal. Ela determina que o uso da propriedade deve beneficiar não apenas o dono, mas também a sociedade.

Além da Constituição, o Código Civil brasileiro também reforça esse princípio. O artigo 1.228, §1º, estabelece que o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades econômicas e sociais. Já o artigo 1.238, ao tratar da usucapião, também reflete a importância do uso efetivo da propriedade, como forma de cumprir sua função social.

Esse princípio se aplica tanto à propriedade urbana quanto à rural. Na prática, significa que um imóvel deve ser utilizado de maneira que contribua para o desenvolvimento social, econômico e ambiental da coletividade.

Parâmetros legais da função social da propriedade urbana

No ambiente urbano, a função social da propriedade é regulamentada por diversos instrumentos legais, dentre os quais se destacam o Plano Diretor Municipal, o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) e a própria Constituição Federal. Esses dispositivos estabelecem que o uso da propriedade deve estar alinhado com os princípios da dignidade da pessoa humana, justiça social e desenvolvimento sustentável.

A propriedade urbana cumpre sua função social quando está integrada ao planejamento urbano, contribui para a ordenação do solo, proporciona moradia digna, respeita o meio ambiente urbano e está inserida em uma lógica de uso e ocupação racional.

Desse modo, a avaliação do cumprimento dessa função considera aspectos como o aproveitamento adequado do imóvel, sua destinação para fins compatíveis com o interesse coletivo, a observância das normas urbanísticas e ambientais e o atendimento às diretrizes do plano diretor.

A legislação brasileira confere aos municípios instrumentos legais para garantir que o proprietário observe essas obrigações. Caso a propriedade urbana não esteja sendo utilizada de forma socialmente útil, o poder público pode tomar medidas para induzir ou exigir sua regularização, sempre observando os limites legais e os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

Parâmetros legais da função social da propriedade rural

Na zona rural, a função social da propriedade é definida principalmente pelo artigo 186 da Constituição Federal. Esse dispositivo exige que a propriedade atenda, de forma simultânea, aos critérios de aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais, preservação do meio ambiente, respeito às normas trabalhistas e promoção do bem-estar dos proprietários e trabalhadores.

Outrossim, a efetividade da função social no campo também está vinculada a políticas públicas de desenvolvimento agrário e ambiental. Assim, a propriedade rural deve ser produtiva, sem causar danos ao meio ambiente, e respeitar a legislação trabalhista vigente, especialmente no tocante à dignidade e segurança dos trabalhadores.

Além disso, os parâmetros constitucionais dialogam com normas do Código Civil, do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964), da Lei da Reforma Agrária e com regulamentações administrativas específicas, que auxiliam na interpretação e aplicação concreta desse princípio.

Quando a propriedade rural é subutilizada, degradada ambientalmente ou explorada em condições precárias de trabalho, presume-se o descumprimento da sua função social. Essa constatação autoriza a atuação do Estado em defesa do interesse coletivo, podendo culminar em medidas legais e administrativas cabíveis.

Quais são os impactos legais da não observância?

Quando a propriedade é considerada improdutiva ou não atende às funções sociais estabelecidas, o poder público pode adotar medidas para garantir o cumprimento da legislação. Isso inclui:

Ações de interesse público

O município ou a União podem promover medidas administrativas ou judiciais visando a regularização do uso da propriedade.

Judicialização da propriedade

Casos em que o conflito entre o interesse público e privado demanda intervenção judicial, como reintegrações de posse ou desapropriações.

Participação de movimentos sociais

Movimentos organizados podem reivindicar a função social da terra e provocar o poder público a intervir.

Conte conosco!

Em suma, a função social da propriedade representa um freio ao uso egoísta do bem, sendo instrumento de promoção da justiça social, do desenvolvimento econômico equilibrado e da preservação ambiental.

Portanto, em caso de dúvidas sobre como adequar sua propriedade às exigências legais ou se você está enfrentando algum conflito fundiário, conte conosco, um escritório especializado no assunto. Nossa equipe está pronta para defender seus direitos e garantir segurança jurídica ao seu patrimônio.

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