Minha empresa tem dívida com o governo: posso continuar vendendo?

Muitas empresas, em algum momento de sua trajetória, enfrentam dívidas com órgãos do governo, sejam elas de natureza tributária, previdenciária ou administrativa. Diante disso, surge uma dúvida comum entre empresários: “Minha empresa tem dívida com o governo: posso continuar vendendo?”. A resposta, embora não seja única para todos os casos, depende de uma análise cuidadosa da natureza da dívida, do tipo de atividade exercida e das exigências legais.

Entenda as implicações jurídicas e operacionais para empresas endividadas com órgãos públicos

O que caracteriza uma dívida com o governo?

A dívida com o governo pode derivar de diversas fontes. Entre as mais comuns, destacam-se:

Dívidas tributárias

Impostos federais (como IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), estaduais (ICMS) e municipais (ISS) podem gerar débitos quando não pagos nos prazos legais. Tais dívidas, uma vez vencidas, costumam ser inscritas na dívida ativa, podendo ensejar execuções fiscais.

Dívidas previdenciárias

A inadimplência com contribuições ao INSS também configura dívida com órgãos governamentais. Em consequência, pode impedir a obtenção de certidões e até gerar autuações por parte da Receita Federal.

Multas e autuações administrativas

Além dos tributos, outros órgãos, como Procon, Ibama, Anvisa ou Ministério do Trabalho, também podem impor sanções que, se não quitadas, transformam-se em dívida ativa.

A empresa pode continuar vendendo com dívida ativa?

Sim, em regra, uma empresa com dívidas com o governo pode continuar exercendo suas atividades comerciais. O ordenamento jurídico brasileiro, de fato, não impede expressamente a continuação da atividade empresarial em razão da inadimplência fiscal. No entanto, é preciso estar atento às consequências práticas dessa condição.

Impactos práticos da dívida com o governo

Restrição de acesso a crédito

Em primeiro lugar, bancos e instituições financeiras costumam consultar a situação fiscal da empresa antes de conceder financiamentos. Assim, estar negativado em órgãos públicos pode dificultar ou encarecer o acesso a crédito.

Impossibilidade de participar de licitações

Além disso, a Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) exige regularidade fiscal como condição para contratar com o poder público. Portanto, empresas inadimplentes não conseguem participar de processos licitatórios.

Bloqueios judiciais e execução fiscal

A inscrição em dívida ativa pode, por sua vez, resultar em execução fiscal. Nesse processo, a empresa pode sofrer bloqueios de bens, penhoras e outras medidas que comprometem seu fluxo de caixa.

Impedimentos operacionais

A ausência de certidões negativas (CND) ou positivas com efeitos de negativa (CPEN) pode impedir uma série de atos importantes, tais como:

  • Alterar contratos sociais;
  • Obter alvarás e licenças;
  • Renovar registros em órgãos reguladores.

Como regularizar a situação da empresa?

Parcelamento de dívidas

Atualmente, programas como o REFIS permitem que empresas parcelem seus débitos com descontos em juros e multas. Com isso, a adesão possibilita a emissão de certidões positivas com efeitos de negativa, facilitando a continuidade das atividades.

Compensação tributária

Em determinadas situações, créditos tributários podem ser utilizados para quitar débitos existentes. Contudo, é fundamental contar com a orientação de um advogado tributarista para viabilizar essa estratégia de forma segura.

Ações judiciais para suspender exigibilidade

Além das alternativas administrativas, em casos de cobranças indevidas, é possível ingressar com ação judicial para discutir o débito. Assim, pode-se suspender sua exigibilidade, preservando a regularidade da empresa enquanto durar o processo.

A importância da assessoria jurídica

Empresas que contam com assessoria jurídica especializada têm, sem dúvida, mais segurança para planejar a regularização de sua situação fiscal. Afinal, a análise detalhada dos débitos, a identificação de opções legais e a representação junto aos órgãos competentes são essenciais para evitar sanções graves e preservar a continuidade do negócio.

Como manter a empresa operando mesmo com dívidas

Em resumo, ter dívidas com o governo não impede, por si só, que a empresa continue vendendo e exercendo suas atividades. No entanto, é fundamental estar ciente das restrições envolvidas e adotar medidas rápidas para regularizar a situação fiscal. Do contrário, negligenciar essa questão pode comprometer gravemente a saúde financeira e jurídica da empresa.

BSL Advogados

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